sexta-feira, 20 de junho de 2014

Capítulo 25

Voltamos lá para fora de mãos dadas. Eu estava meio sem graça, sabia que tínhamos 
sumido por um bom tempo. O sol já estava se pondo. E eu estava sem calcinha. Meu 
shortinho de renda rasgado se encontrava no bolso da frente do jeans de Joseph. 
 Ele me olhou quando entramos na tenda. “Eu deveria ter dito antes. Você está 
lindíssima, Demetria. Esse vestido ficou maravilhoso em você, e esses saltos vermelhos vão me matar de tesão.” 
 “Bom, que eles funcionam ficou bem claro.” Atingi o ombro dele com o meu. 
“Obrigada.” 
 “Pelo elogio? Ou pela foda?” 
 “Psiu”, eu o repreendi, vermelha. 
 Sua gargalhada gostosa atraiu os olhares de todas as mulheres que havia por perto, e 
até de alguns homens. Posicionando nossas mãos dadas na parte inferior das minhas costas, ele me puxou para perto e beijou minha boca. 
 “Joseph!” Sua mãe veio até nós com os olhos brilhando e um enorme sorriso no belo rosto. “Estou tão feliz por você estar aqui.” 
 Ela fez menção de abraçá-lo, mas a postura dele mudou sutilmente, criando em 
torno de si uma espécie de campo de força invisível no qual eu também estava incluída. 
 Elizabeth interrompeu bruscamente sua aproximação. 
 “Mãe.” Ele a cumprimentou com a frieza de uma tempestade polar. “Agradeça a 
Demetria por eu estar aqui. Vim para levá-la embora.” 
 “Mas ela está se divertindo, não é mesmo, Demetria? Você deveria ficar, por ela.” 
Elizabeth me lançou um olhar de súplica. 
 Apertei a mão de Joseph com os dedos. Ele vinha em primeiro lugar para mim, é 
claro, mas eu queria muito saber o porquê de tanta frieza em relação a uma mãe que parecia ser bastante amorosa. Seu olhar de admiração percorria o rosto do filho, que guardava algumas semelhanças com o dela, devorando cada detalhe. Quando teria sido a última vez que tinham se visto pessoalmente? 
 Foi quando me perguntei se ela não o amava demais...  A repulsa que senti me deu um frio na espinha. 
 “Não queira deixar Demetria constrangida”, disse Joseph, massageando com as juntas 
dos dedos minhas costas tensas. “Você já teve o que queria — conseguiu conhecê-la.” 
 “Vocês poderiam aparecer para jantar algum dia da semana.” 
 Sua única resposta foi erguer as sobrancelhas. Depois olhou para outro lado, o que 
me levou a fazer o mesmo. Vi Cary sair do que parecia ser um labirinto de plantas abraçado com uma conhecidíssima estrela da música pop. Joseph fez um gesto para ele. 
 “Ah, não, Cary também!”, protestou Elizabeth. “Ele é a sensação da festa.” 
 “Imaginei que você fosse gostar dele.” Joseph arreganhou os dentes com tanto 
sarcasmo que mal parecia um sorriso. “Só não esqueça que ele é amigo de Demetria, mãe. Ele também é meu.” 
 Fiquei aliviadíssima quando Cary se juntou a nós, dissipando a tensão com seu jeito 
tranquilo de ser. 
 “Estava procurando você”, ele me disse. “Espero que esteja pronta para ir embora. 
Recebi aquela ligação que estava esperando.” 
 Ao ver o brilho em seus olhos, tive certeza de que Trey o havia procurado. “Sim, 
estamos prontos.” 
 Cary e eu circulamos um pouco pela festa para nos despedir e agradecer o convite.
Joseph permaneceu ao meu lado como uma sombra possessiva, aparentando tranquilidade, mas fazendo questão de não ser nem um pouco amigável. 
 Estávamos quase chegando à casa quando vi Ireland parada em um canto olhando 
para Joseph. Parei e me virei para ele. “Vá chamar sua irmã pra gente se despedir.” 
 “Quê?” 
 “Ela está à sua esquerda.” Olhei para o outro lado, para que a garota que parecia idolatrar o irmão mais velho não percebesse que estávamos falando dela. 
 Ele fez um aceno brusco para que Ireland se aproximasse. Ela veio andando 
lentamente, com uma expressão muito bem treinada de tédio constante em seu belo rosto. 
Olhei para Cary e balancei a cabeça. Nós nos lembrávamos muito bem dessa época. 
 “Escute.” Segurei a mão de Joseph. “Diga que sente muito porque vocês não 
conseguiram conversar, mas que ela pode ligar pra você quando quiser.” 
 Joseph fez uma expressão de surpresa. “E que conversa nós temos pra pôr em dia?” 
 Acariciando seu braço, eu disse: “Ela vai ter muito o que falar se tiver uma chance”. 
 Ele desdenhou. “Ela é uma adolescente. Por que eu perderia tempo com seu papo 
furado?” 
 Fiquei na ponta dos pés e sussurrei em sua orelha: “Porque eu vou ficar te devendo 
uma”. 
 “Você está tramando alguma.” Ele me olhou desconfiado por um momento; depois 
deu um beijo bem apertado na minha boca. “Então vamos deixar a coisa em aberto e dizer que você fica me devendo mais do que uma. A quantidade nós vemos depois.” 
 Concordei com a cabeça. Cary se afastou e esfregou um indicador no outro como 
quem diz “Vocês estão cheios de intimidade”. 
 Nada mais justo, pensei, já que estávamos apaixonados. 
  Fiquei surpresa quando Joseph pegou pessoalmente as chaves do Bentley das mãos 
do manobrista. “Você veio dirigindo? E Angus?” 
 “Está de folga.” Ele esfregou o nariz na minha têmpora. “Eu estava com saudade de 
você, Demetria.” 
 Acomodei-me no assento de passageiro e fechei a porta. Enquanto punha o cinto, vi 
que ele parou ao lado do carro e olhou para dois homens de preto que esperavam ao lado de um sedã Mercedes Benz estacionado não muito longe dali. Eles fizeram sinal de positivo e entraram no carro. Quando Joseph deixou a propriedade dos Vidal, eles seguiram atrás. 
 “Seguranças?”, perguntei. 
 “Sim. Saí correndo quando fiquei sabendo que você estava aqui, e eles ficaram meio 
perdidos por um tempo.” 
 Cary tinha ido embora com Clancy, então Joseph e eu fomos diretamente para a 
cobertura dele. O jeito como Joseph dirigia era muito sensual. Ele manejava o carro da 
mesma maneira como conduzia todos os assuntos — com confiança, agressividade e 
controle absoluto. Estava indo depressa, mas não era descuidado, superando com 
tranquilidade as curvas da estrada sinuosa e cinematográfica que nos levava de volta à 
cidade. O movimento era tranquilo, só pegamos trânsito ao entrar em Manhattan. 
 Quando chegamos ao apartamento, fomos diretamente para a suíte tomar banho. 
Como não conseguia tirar as mãos de mim, Joseph me lavou dos pés à cabeça; depois me 
secou com uma toalha e me vestiu com um robe novo de seda estampada no estilo 

quimono. Para completar, pegou uma calça de seda estampada de uma gaveta para ele. 
“E eu vou ficar sem calcinha?”, perguntei, pensando na minha gaveta de lingeries 
sensuais. 
 “Vai. Tem um telefone na parede da cozinha. Aperte o primeiro número da discagem rápida e diga para quem atender que eu mandei buscar uma porção para dois do 
prato de sempre no Peter Luger.” 
 “Certo.” Fui até lá e fiz a ligação. Depois tive que sair à procura de Joseph. Eu o 
encontrei no escritório, um cômodo em que nunca havia entrado antes. 
 Não consegui observar muito bem aquele espaço porque as únicas fontes de luz 
eram uma lâmpada angulada posicionada sobre um quadro e um abajur em cima da mesa de madeira. Além disso, meus olhos estavam mais interessados em se concentrar nele. Estava absurdamente sexy e sedutor recostado em uma enorme cadeira de couro preto. Entre suas mãos ele aquecia um cálice com alguma bebida, e a beleza de seus bíceps flexionados provocou arrepios pelo meu corpo, assim como os músculos bem definidos de seu abdome. 
 Seu olhar estava fixado no quadro iluminado pela lâmpada, o que atraiu também 
minha atenção. Tomei um susto ao ver do que se tratava — uma enorme colagem de fotos 
minhas com ele: a imagem do beijo na frente da academia... um retrato feito pela assessoria de imprensa do evento beneficente a que fomos juntos... uma fotografia furtiva da reconciliação depois da briga no Bryant Park... 
 O centro do quadro era dominado por uma foto minha dormindo em minha cama, 
iluminada apenas pela vela que havia deixado acesa para ele. Era uma imagem íntima e 
voyeurística, que revelava mais sobre o fotógrafo do que sobre seu objeto.  Fiquei profundamente tocada com aquela prova de que ele também estava apaixonado. 
 Joseph apontou para a bebida que havia servido para mim na mesa antes de eu 
entrar. “Sente-se.” 
 Obedeci, curiosa. Havia algo diferente nele, como se tivesse algum objetivo em 
mente e o perseguisse com calma e determinação, com seu foco preciso como um laser. 
 Qual era o motivo daquilo? E o que significaria para o restante da noite? 
 Foi quando vi uma reprodução menor da colagem em um porta-retratos perto da 
minha bebida, e minha preocupação se desfez. Era um porta-retratos parecido com o que eu tinha na minha mesa, mas nesse havia três fotos minhas com ele. 

 “Quero que você leve isso pro trabalho”, Joseph disse baixinho. 
“Obrigada.” Pela primeira vez em muitos dias, eu estava feliz. Coloquei o porta-retratos junto ao peito com uma das mãos e apanhei o meu cálice com a outra. 
 Seus olhos brilharam ao me ver sentar. “Vejo você me mandando beijos o dia todo 
na minha mesa. Acho justo que tenha algo para se lembrar de mim. De nós.” 
 Suspirei com força, com a pulsação acelerada. “Eu nunca me esqueço de você, nem 
de nós dois.” 
 “E eu não deixaria, mesmo que você quisesse.” Joseph deu um grande gole em sua 
bebida, produzindo um movimento potente em sua garganta. “Acho que entendi qual foi 
nosso primeiro erro, o que causou toda a turbulência que estamos enfrentando desde então.” 
 “Ah, é?” 
 “Beba seu Armagnac, meu anjo. Acho que você vai precisar dele.” 
 Dei um gole cauteloso, sentindo o ardor instantâneo, seguido da constatação de que 
o sabor era bom. Só então dei um gole maior. 
 Rolando o cálice entre as palmas das mãos, Joseph bebeu mais um pouco e me 
lançou um olhar cauteloso. “Diga o que foi mais gostoso, Demetria: sexo na limusine, quando você estava no comando, ou no hotel, quando quem comandou fui eu?” 
 Eu me remexi na cadeira, inquieta, sem saber aonde ele queria chegar. “Acho que 
você gostou do que aconteceu na limusine. Enquanto estava acontecendo. Depois não, 
obviamente.” 
 “Eu adorei”, ele disse com convicção. “Sua imagem naquele vestido vermelho, 
gemendo e me dizendo que adorava meu pau dentro de você não vai sair da minha cabeça enquanto eu viver. Se quiser voltar a ficar por cima alguma vez no futuro, sou totalmente a favor.” 
 Senti a tensão se espalhar por meu corpo. Os músculos do meu ombro começaram a 
enrijecer. “Joseph, estou começando a ficar assustada. Todo esse papo de palavra de 
segurança e ficar por cima... acho que não estou gostando do rumo desta conversa.” 
 “Você está pensando em violência e dor. Eu estou falando de cessão consensual de 
controle.” Joseph me observou atentamente. “Quer mais um conhaque? Você está pálida.” 
 “Você acha?” Deixei o cálice vazio em cima da mesa. “Pois parece que você está 
me dizendo que é um dominador.” 
 “Meu anjo, isso você já sabia.” Ele abriu um sorriso suave e sensual. “O que estou 
dizendo é que você é submissa.” 
Eu me levantei em um pulo. 
 “Nada disso”, ele me avisou com um tom de voz sombrio. “Nada de fugir. Ainda 
não terminamos.” 
 “Você não sabe do que está falando.” Estar sob o domínio de alguém — perder o 
direito de dizer não! —, eu jamais permitiria que isso voltasse a acontecer. “Você sabe pelo que eu passei. Preciso estar no controle, tanto quanto você.” 
 “Sente-se, Demetria.” 
 Fiquei de pé só para provar o que estava dizendo. 
 Ele abriu um sorriso bem largo, e eu derreti por dentro. “Você tem alguma ideia de 
como sou maluco por você?”, ele murmurou. 
 “Você realmente é maluco se está achando que vou aceitar obedecer ordens o tempo 
todo, principalmente na hora do sexo.” 
 “Ora, Demetria. Você sabe que não tenho interesse em bater, punir, machucar, humilhar 
nem tratar você como um cachorrinho. Nenhum de nós dois precisa disso.” Ajeitando-se na cadeira, Joseph se curvou para a frente e apoiou os cotovelos na mesa. “Você é a coisa mais importante da minha vida, é o meu tesouro. Quero proteger você e fazer com que se sinta segura. É por isso que estamos conversando sobre isso.” 
 Minha nossa. Como é que ele conseguia ser tão maravilhoso e tão insano ao mesmo 
tempo? “Eu não preciso ser dominada!” 
 “Você precisa é de alguém em quem confiar... Não. Quieta, Demetria. Espere até eu 
terminar.” 
 Meu protesto virou silêncio. 
 “Você me pediu para reavivar seu corpo fazendo coisas que antes eram dolorosas e 
assustadoras. Não sei nem dizer o que significa essa confiança pra mim, e como eu me 
sentiria caso fizesse algo e acabasse perdendo isso. Não posso arriscar, Demetria. Precisamos fazer do jeito certo.” 
 Cruzei os braços. “Acho que sou muito burra mesmo. Pensei que nossa vida sexual 
fosse o máximo.” 
 Pondo o cálice sobre a mesa, Joseph continuou falando como se eu não tivesse dito 
nada. “Você me pediu pra satisfazer uma necessidade sua, e eu concordei. Agora 
precisamos...” 
“Se não sou o que você quer, pode dizer de uma vez!” Pus meu cálice e o porta-retratos sobre a mesa antes que fizesse alguma coisa com eles de que depois me 
arrependesse. “Não precisa ficar dando voltas...” 
 Ele contornou a mesa e chegou até mim antes que eu pudesse dar um ou dois passos 
atrás, cobrindo minha boca com a dele e me aprisionando em seus braços. Como já havia 
feito antes, ele me levou até uma parede e me segurou contra ela, agarrando meus punhos e erguendo-os sobre minha cabeça. 
 Não pude fazer nada quando ele dobrou os joelhos e começou a esfregar o pênis 
ereto no meio das minhas pernas. Uma vez, depois outra. A seda criava atrito com meu 
clitóris. Seus dentes se fechando sobre meu mamilo coberto me fizeram estremecer, 
enquanto o cheiro de sua pele recém-lavada me intoxicava. Prendendo a respiração,soltei-me em seus braços.
“Viu como você se submete em um instante quando assumo o controle?” Ele beijou 
minhas sobrancelhas, e eu as levantei de surpresa. “E é gostoso, não é? É a coisa mais certa a fazer.” 
 “Isso não é justo.” Olhei bem para ele. O que esperava que eu respondesse? 
Perturbada e confusa como estava, eu só poderia concordar. 
 “Claro que é. E é verdade.” 
 Meus olhos se alternavam entre seus cabelos negros e sedosos e as feições bem 
desenhadas de seu rosto incomparável. O desejo que me abateu era tão agudo que chegava a doer. O trauma que ele escondia me fazia amá-lo ainda mais. Havia momentos em que parecia que eu encontraria outra parte de mim dentro dele. 
 “Não consigo evitar, quando você me deixa com tesão”, murmurei. “Meu corpo é 
programado fisiologicamente pra amolecer e relaxar, pra você poder enfiar seu pau enorme em mim.” 
 “Demetria. Vamos ser sinceros. Você quer que eu esteja no controle. É importante pra 
você poder confiar em mim, saber que vou cuidar de você. Não tem nada de errado nisso. E o mesmo vale pra mim — preciso que você confie em mim a ponto de abrir mão do 
controle.” 
 Não conseguia pensar com ele ali grudado em mim, atormentando meu corpo com o 
contato tão próximo. “Eu não sou submissa.” 
 “Comigo você é. Se pensar bem, você vai ver que está tentando me dizer isso desde 
o começo.” 
 “Você é bom de cama! E tem mais experiência. Claro que eu deixo você fazer o que 
quiser comigo.” Mordi o lábio inferior para fazer com que parasse de tremer. “Desculpe se não sou tão interessante como você.” 
 “Não é nada disso, Demetria. Você sabe que adoro transar com você. Se pudesse, não 
faria mais nada da vida. Não estamos falando de brincadeirinhas que me excitam.” 
 “Então estamos falando do que me excita? É isso?” 
 “É. Foi o que eu pensei.” Ele franziu a testa. “Você está chateada. Eu não queria... 
droga. Pensei que falar a respeito fosse ajudar.” 
 “Joseph.” Meus olhos arderam, depois se encheram de lágrimas. Ele parecia tão 
magoado e confuso quanto eu. “Você está cortando meu coração.” 
 Ele soltou meus pulsos, deu um passo atrás e me pegou no colo, carregando-me do 
seu escritório até o corredor, diante de uma porta fechada. “Vire a maçaneta”, ele disse 
baixinho. 
 Entramos em um quarto iluminado a luz de velas, ainda cheirando a tinta fresca. 
Durante alguns segundo fiquei desorientada, sem entender como saímos do apartamento de Joseph diretamente para meu quarto. 
 “Não estou entendendo.” Dizer aquilo era um eufemismo, mas minha mente não 
conseguia vencer a perplexidade de ser transportada de uma casa para outra. “Você... 
mudou meu quarto pra cá?” 
 “Não exatamente.” Ele me pôs no chão, mas continuou me prendendo com um dos 
braços. “Eu recriei seu quarto com base na foto que tirei de você dormindo.” 
 “Por quê?” 
 O que era aquilo? Quem em sã consciência faria uma coisa daquelas? O objetivo era 
me impedir de vê-lo tendo pesadelos? 
 Esse pensamento aumentou o aperto em meu coração. Era como se Joseph e eu nos 
afastássemos ainda mais a cada momento. 
 Suas mãos acariciavam meu cabelo molhado, o que só fazia crescer minha agitação. 
Minha vontade era de rejeitar seu toque e impor uma distância de no mínimo um cômodo 
entre nós. Talvez dois. 
 “Quando você sentir vontade de fugir”, ele falou com um tom de voz suave, “pode vir até aqui e fechar a porta. Prometo que não vou incomodar até você sair. Assim você 
pode ter um porto seguro, e eu posso saber que não me deixou.” 
 Um milhão de perguntas e especulações surgiram na minha mente, mas a primeira 
coisa que saiu da minha boca foi: “A gente vai continuar dormindo na mesma cama?”. 
 “Todas as noites.” Ele beijou minha testa. “De onde você tirou essa ideia? Fale 
comigo, Demetria. O que está passando por essa sua cabecinha linda?” 
 “O que está passando pela minha cabeça?”, eu explodi. “Que porra está acontecendo 
com a sua? O que você andou fazendo durante os quatro dias que ficamos separados?” 
 Ele cerrou os dentes. “Nós nunca nos separamos, Demetria.” 
 O telefone tocou na outra sala. Soltei um palavrão inaudível. Queria conversar e 
queria que ele sumisse da minha frente, tudo ao mesmo tempo. 
 Joseph me pegou pelos ombros, depois me soltou. “O jantar chegou.” 
 Não o segui imediatamente depois que ele saiu. Estava abalada demais para comer. 
Em vez disso, deitei naquela cama exatamente igual à minha, agarrei-me num travesseiro e fechei os olhos. Não ouvi quando Joseph voltou, mas notei sua presença quando ele ficou parado ao lado da cama. 
 “Por favor, não me faça comer sozinho”, ele disse para minhas costas imóveis. 
 “Por que não ordena que eu coma com você logo de uma vez?” 
 Ele suspirou, depois subiu na cama e se deitou junto a mim. O calor de seu corpo 
era bem-vindo, espantando a frieza que havia feito minha pele se arrepiar. Ele ficou um 
tempão ao meu lado sem dizer nada, simplesmente oferecendo o conforto de sua 
companhia. Ou talvez se confortando com a minha. 
 “Demeria.” Seus dedos acariciaram meu braço por cima do robe de seda. “Não aguento 
ver você triste. Fale comigo.” 
 “Não sei o que dizer. Pensei que estávamos finalmente começando a nos entender.” 
Agarrei o travesseiro com mais força. 
 “Não precisa ficar tensa, Demetria. Dói muito quando você se afasta de mim.” 
 Eu me sentia como se ele estivesse me empurrando para longe. 
 Rolei na cama e deitei-o de costas, depois montei sobre ele, e meu robe se abriu 
quando me ajeitei sobre seus quadris. Acariciei com as mãos seu peito largo e feri sua pele 
bronzeada com as unhas. Meus quadris começaram a se mexer, esfregando meu sexo 
desnudo sobre seu pau. Através da seda fina de sua calça de pijama, eu conseguia sentir sua ereção por inteiro. Pela maneira como seus olhos se perderam e sua boca se abriu quando ele começou a ofegar, eu sabia que ele também estava me sentindo da maneira como deveria. 
 “Isto é tão ruim assim pra você?”, perguntei, sem interromper o movimento. “Ou 
você está deitado aí pensando que não está me satisfazendo só porque eu estou no 
comando?” 
 Joseph pôs as mãos em minhas coxas. Até mesmo esse movimento inofensivo passava a impressão de que era ele quem estava no controle. 
 Aquela determinação que eu havia detectado pouco tempo antes, a impressão de que 
ele tinha um objetivo em mente, de um momento para o outro fez todo o sentido para mim — ele não estava mais impondo limites a seu desejo. 
 Naquele momento sua enorme força interior estava apontada para mim como uma 
explosão de calor. 
 “Já falei.” A voz dele estava rouca. “Quero você do jeito que for.” 
 “Que seja. Não pense que não sei que você está comandando tudo mesmo por baixo.” 
 Ele abriu um sorriso convencido. 
 Deslizando para baixo, provoquei seu mamilo com a ponta da língua. Cobri seu 
corpo com o meu, assim como ele havia feito comigo antes, esticando-me sobre seus 
quadris e suas pernas, agarrando sua bunda durinha para mantê-lo bem apertado contra 
mim. Seu pau estava duro como pedra junto à minha barriga, o que só me deixou ainda 
mais sedenta por ele. 
 “Você vai me castigar me dando prazer?”, ele perguntou baixinho. “Porque você é 
capaz de fazer isso. Você tem o poder de me deixar de joelhos, Demetria.” 
 Afundei a cabeça em seu peito e soltei o ar dos pulmões em uma bufada. “Quem me 
dera.” 
 “Por favor, não fique tão preocupada. Vamos superar isso, assim como todo o resto.” 
 “Você diz as coisas com tanta certeza.” Estreitei os olhos ao encará-lo. “Só está 
querendo provar seu ponto de vista.” 
 “E você, o seu.” Joseph passou a língua pelos lábios, e eu senti um pedido 
silencioso de atenção bem no meio das minhas pernas. 
 Seus olhos irradiavam um brilho radiante de emoção. O que quer que fosse que 
estivesse acontecendo com nosso relacionamento, não havia dúvidas de que estávamos 
apaixonadíssimos um pelo outro. 
 E eu estava prestes a oferecer uma demonstração carnal desse fato. 
O pescoço dele se curvou quando minha boca começou a se mover por seu tronco. 
“Oh, Demetria.” 
 “Prepare-se pra perder a cabeça, senhor Jonas.” 
 E foi isso que aconteceu. Fiz de tudo para que assim fosse. 
  Sentindo-me toda orgulhosa do meu desempenho na cama e da minha energia 
feminina, sentei-me à mesa com Joseph o lembrei de como estava pouco tempo antes — 
ofegante e encharcado de suor, dizendo palavrões enquanto eu saboreava sem pressa seu 
corpo lascivo. 
 Ele comeu um pedaço do filé, que ainda estava quente por ter sido mantido em uma 
gaveta aquecida, e disse calmamente: “Você é insaciável”. 
 “Dã. Você é lindo, gostoso e muito bem dotado.” 
 “Fico feliz com sua aprovação. Também sou podre de rico.” 
 Fiz um gesto desdenhoso com a mão, que englobava seu apartamento, que sozinho 
devia valer uns cinquenta milhões de dólares. “Quem se importa com isso?” 
 “Ora, eu, por exemplo.” Ele sorriu. 
 Espetei com o garfo minha batata frita. A comida do Peter Luger era quase tão boa 
quanto sexo. Quase. “Seu dinheiro só me interessa se você puder parar de trabalhar e virar meu escravo sexual.” 
 “Em termos financeiros, isso é possível, sim. Mas você se cansaria de mim e me 
daria um pé na bunda. E depois disso eu faria o quê?” Ele parecia estar se divertindo com a conversa. “Acho que você provou seu ponto de vista, não é?” 
 Terminei de mastigar e depois falei: “Quer que eu prove de novo?”. 
 “O fato de você ainda estar com tesão só comprova o meu ponto de vista.” 
 “Humm.” Dei um gole no vinho. “Resolveu fazer suposições agora?” 
Ele me fuzilou com o olhar e comeu mais um pedaço da carne mais macia que eu já 
tinha experimentado. 
 Incomodada e inquieta, respirei profundamente e perguntei: “Se não estivesse 
satisfeito com a nossa vida sexual, você me diria?”. 
 “Não seja ridícula, Demetria.” 
 Quem mais traria esse assunto à tona depois de quatro dias de separação? “Tenho 
certeza de que não ajuda muito eu não ser do tipo com que você costuma sair. E nunca 
usamos nenhum daqueles brinquedinhos que você tem no hotel...” 
 “Pode parar por aí mesmo.” 
 “Como é?” 
 Joseph largou os talheres. “Não vou ficar aqui parado ouvindo você destruir sua 
autoestima.” 
 “Ah, é? Então só você tem o direito de falar?” 
 “Pode me provocar o quanto quiser, Demetria, não vou te comer agora.” 
 “Quem disse que...” Fiquei quieta quando vi que ele estava rindo. E era verdade. Eu 
ainda estava fim. Queria tê-lo em cima de mim, morrendo de tesão, assumindo a 
responsabilidade pelo meu prazer e pelo dele. 
 Ao sair da mesa, ele disse apenas: “Espere aqui”. 
 Joseph voltou pouco depois, deixando uma caixinha de anel ao lado do meu prato e 
retomando seu lugar no assento. Aquilo me atingiu como uma pancada. A primeira reação 
foi de medo, e me fez gelar. A segunda foi de desejo, e fez um calor se espalhar por meu 
corpo. 
 Minhas mãos tremiam. Agarrei os dedos e percebi que meu corpo todo estava 
tremendo. Sem saber o que pensar, olhei bem para Joseph. 
 Sentir seus dedos acariciando meu rosto ajudava a aliviar um pouco a ansiedade que 
tomou conta de mim, abrindo espaço para um terrível desejo. 
 “Não é esse tipo de anel”, ele sussurrou gentilmente. “Ainda não. Você ainda não 
está pronta.” 
 Alguma coisa se despedaçou dentro de mim. Mas depois senti um grande alívio. Era 
mesmo cedo demais. Nenhum de nós estava pronto ainda. Mas, se havia alguma dúvida 
sobre a intensidade do meu amor por Joseph, ela foi definitivamente dissipada naquele 
momento. 
 Concordei com a cabeça. 
 “Abra”, ele falou. 
 Com toda a cautela, puxei a caixinha mais para perto e abri a tampa. “Oh.” 
 Aninhado no forro de veludo preto, havia um anel como nenhum outro. Camadas de 
ouro entrelaçadas como em uma corda e unidas por pequenas cruzes cobertas de diamantes. 
 “Amarras”, murmurei, “sustentadas pelas cruzes.” A associação das cruzes ao nome 
Jonas foi inevitável. 
 “Não exatamente. Vejo a corda como uma representação de suas múltiplas camadas, 
não como uma amarra. E, sim, as cruzes são as intersecções entre mim e você. Nossos 
dedos entrelaçados.” Ele terminou seu vinho e reabasteceu nossas taças. 
 Eu permanecia inquieta, aturdida, tentando absorver aquilo. Tudo o que ele havia 
feito durante o período em que não nos falamos — as fotos, o anel, a visita ao dr. Petersen, a réplica do quarto, e a pessoa que andou me seguindo — me dizia que seus pensamentos estavam voltados para mim na maior parte do tempo, se não o tempo todo. 
 “Você devolveu minhas chaves”, sussurrei, lembrando o quanto aquilo havia me magoado. 
 Ele estendeu a mão e a pôs sobre a minha. “Fiz isso por várias razões. Você saiu daqui vestindo apenas um robe, Demetria, e sem as chaves de casa. Não gosto nem de imaginar o que teria acontecido se Cary não estivesse em casa pra abrir a porta pra você assim que 
chegou lá.” 
 Levei sua mão até a boca e a beijei, depois a larguei e fechei a caixinha com o anel. 
“É lindo, Joseph. Obrigada. Significa muito pra mim.” 
 “Mas você não vai usar.” Aquilo não foi uma pergunta. 
 “Depois do que falamos hoje, fica parecendo uma coleira.” 
 Ele acabou concordando: “Você não deixa de ter razão”. 
 Eu estava com o coração na mão. Quatro noites sem conseguir dormir direito não 
tinham ajudado em nada. Era impossível para mim entender por que ele me queria tanto, 
apesar de sentir a mesma coisa a seu respeito. Havia milhares de mulheres em Nova York 
que poderiam tomar o lugar que eu ocupava em sua vida, mas só existia um Joseph Jonas. 
 “Sinto que estou decepcionando você, Joseph. Depois de tudo o que conversamos 
hoje... Acho que é o início do fim.” 
 Arrastando sua cadeira para trás, ele se inclinou para mim e acariciou meu rosto. 
“Não é.” 
 “Quando vamos falar com o doutor Petersen?” 
 “Eu vou sozinho às terças. Quando você conversar com ele e topar fazer a terapia de 
casal, podemos ir juntos às quintas.” 
 “Duas horas por semana, toda semana. Sem contar o trajeto de ida e volta. É um 
compromisso e tanto.” Também me inclinei e tirei o cabelo de seu rosto. “Obrigada.” 
 Joseph beijou a palma da minha mão. “Não é sacrifício nenhum, Demetria.” 
 Ele voltou ao escritório para trabalhar um pouco antes de dormir, e eu levei a caixinha com o anel comigo para a suíte principal. Olhei para ele mais um pouco enquanto escovava os dentes e os cabelos. 
 Havia ainda um resquício de desejo sob minha pele, um nível permanente de excitação que não fazia muito sentido levando em consideração o número de orgasmos que 
tive ao longo do dia. Era mais uma necessidade emocional de estabelecer uma relação com Joseph, de garantir para mim mesma que estava tudo bem entre nós. 
 Com a caixinha nas mãos, fui até meu lado na cama de Joseph e a deixei no criado-mudo   Queria que ela fosse a primeira coisa que eu visse na manhã seguinte, depois de uma 
boa noite de sono. 
 Com um suspiro, deixei meu belíssimo robe novo no pé da cama e deitei. Depois de 
me virar inquietamente de um lado para o outro por um bom tempo, enfim adormeci. 
   Acordei no meio da noite com o coração disparado e a respiração acelerada. Desorientada, fiquei imóvel por alguns instantes, tentando despertar e lembrar onde estava. 
Fiquei toda tensa quando me dei conta, tentando captar algum sinal de que Joseph estava 
tendo outro pesadelo. Quando percebi que ele estava deitado tranquilamente ao meu lado, com a respiração profunda e serena, soltei um suspiro de alívio. 
 A que horas ele teria ido para a cama? Depois dos dias que passamos separados, 
fiquei com medo de que ele quisesse ficar um tempo sozinho. 
 Então tudo fez sentido. Eu estava excitada. Dolorosamente, até.  Meus seios estavam duros e pesados, os mamilos, rígidos e pontudos. Meu ventre doía, e eu estava toda molhadinha. Deitada na escuridão noturna, descobri que meu corpo tinha me acordado para atender às suas necessidades. Eu teria sonhado com alguma coisa de conteúdo erótico? Ou bastava a presença de Joseph ali ao meu lado? 
 Apoiei-me sobre os cotovelos e olhei para ele. Estava coberto só até a cintura, com 
o peito e os braços para fora. O braço direito estava sobre a cabeça, emoldurando a cascata de cabelos negros em torno de seu rosto. O braço esquerdo estava entre nós, sobre os cobertores, com a mão fechada mas relaxada, dando um descanso à rede de veias grossas que cruzavam seu antebraço. Mesmo em repouso ele parecia poderoso e feroz. 
 A tensão dentro de mim foi crescendo, assim como a noção de que eu estava sendo 
atraída pela pressão silenciosa de sua vontade admirável. Era impossível que ele exigisse 
minha rendição enquanto dormia, mas ainda assim era o que parecia. Era como se uma 
corda invisível esticada entre nós me puxasse em sua direção. 
 O latejar no meio das minhas pernas ficou insuportável, e eu pressionei com uma 
das mãos aquela pulsação violenta, na esperança de aliviar o incômodo. Aquilo só tornou as coisas piores. 
 Eu não conseguia ficar parada. Joguei as cobertas para longe, pus as pernas para 
fora da cama e pensei em tomar um copo de leite quente com a bebida que Joseph tinha me dado mais cedo. Detive esse impulso abruptamente, voltando-me para o brilho do couro da caixinha com o anel à luz do luar. Pensei na joia que havia lá dentro e meu desejo se fortaleceu ainda mais. Naquele momento, a ideia de ser posta em uma coleira por Joseph me levou às raias da loucura. 
 É só tesão, repreendi a mim mesma. 
 Uma das garotas do meu grupo certa vez contou que seu “dono” podia usar seu 
corpo a qualquer hora e da maneira que quisesse, exclusivamente para o prazer dele. Uma ideia que não me pareceu nem um pouco sexy... até Joseph entrar na jogada. Eu adorava 
dar prazer a ele. Fazê-lo gozar. Por gosto, sem pedir nada em troca. 
 Acariciei com os dedos a tampa da caixinha. Com um suspiro trêmulo, eu a abri. 
Um instante depois estava sentindo o metal frio do anel escorregando em um dedo da mão direita. 
 “Você gostou, Demetria?” 
 Senti um tremor por todo o corpo ao ouvir a voz de Joseph, mais profunda e áspera 
do que nunca. Ele estava acordado, olhando para mim. 
 Fazia quanto tempo que tinha acordado? Ele teria captado meu desejo durante o 
sono, da mesma forma que eu? 
 “Eu amei.” Assim como amo você. 
 Deixando a caixinha de lado, virei a cabeça e o vi ali sentado. Seus olhos brilhavam 
de tal modo que me excitaram ainda mais, o que parecia impossível, mas também me 
encheram de medo. Era um olhar sem nenhum tipo de freio ou filtro, como aquele que me fez literalmente cair de costas quando nos conhecemos — penetrante e possessivo, 
carregado de ameaças de prazer. Seu lindo rosto parecia cruel em meio às sombras. Seu 
maxilar se manteve cerrado enquanto ele levantava minha mão e beijava o anel que havia me dado. 
 Eu me ajoelhei na cama e joguei os braços sobre seus ombros. “Me use como 
quiser. Carta branca.” 
 Ele agarrou e apertou bem forte minha bunda. “Como você se sente dizendo isso?” 
 “É quase tão bom quanto a sensação que vou sentir quando você me fizer gozar.” 
 “Ah, um desafio.” Ele começou a roçar de leve a língua nos meus lábios,tentando-me com um beijo que estava sendo deliberadamente negado a mim. 
 “Joseph!” 
 “Deite-se de costas, meu anjo, e agarre o travesseiro com as duas mãos.” Ele abriu 
um sorriso perverso. “Não solte por motivo nenhum. Entendeu?” 
 Eu obedeci engolindo em seco, com tanto tesão que achei que ia gozar só de sentir 
os espasmos incessantes do meu sexo faminto. 
 Ele chutou as cobertas para o pé da cama. “Abra as pernas e segure os joelhos.” 
 Perdi o fôlego, e meus mamilos endureceram ainda mais, fazendo meus seios 
doerem. Como Joseph ficava sexy daquele jeito. Eu arfava de excitação, com a cabeça a 
mil diante das possibilidades que se abriam. No meio das pernas, eu tremia de vontade. 
 “Oh, Demetria”, ele disse, escorregando um dedo para dentro de mim. “Olhe só como 
você está faminta por mim. Manter essa bocetinha linda satisfeita é um trabalho de tempo integral.” 
Aquele único dedo firme abriu caminho dentro de mim, afastando os tecidos inchados. Eu me apertei toda em torno dele, chegando tão perto do orgasmo que fiquei com 
água na boca. Ele tirou o dedo e o levou à boca, saboreando o gosto que tinha ficado em 
sua pele. Meus quadris se remexiam independentemente da minha vontade, meu corpo 
inteiro se inclinava para ele. 
 “É culpa sua se estou com tanto tesão”, eu disse, quase sem fôlego. “Você deixou de 
cumprir sua obrigação durante vários dias.” 
 “Então é melhor compensar o tempo perdido.” Deitando de bruços, ele posicionou 
os ombros sob minhas coxas e contornou com a ponta da língua a entrada sedenta do meu 
corpo. E de novo e de novo. Ignorando meu clitóris e se recusando a me comer até que eu implorasse.  
“Joseph, por favor.” 
 “Shh. Preciso deixar você pronta primeiro.” 
 “Estou pronta. Desde antes de você acordar.” 
 “Então deveria ter me acordado mais cedo. Vou estar sempre à disposição pra você, 
Demetria. Eu vivo pra agradar você.” 
 Gemendo de desespero, remexi meus quadris naquela língua enlouquecedora. Só 
quando percebeu que eu havia perdido as estribeiras, ansiando pelo toque de qualquer parte sua que pudesse entrar em mim, Joseph se posicionou entre minhas pernas abertas, 
apoiando os antebraços sobre a cama. 
 Ele olhou bem pra mim. Seu membro, febril e duro como pedra, estava prestes a 
entrar na minha abertura úmida. Eu sentia que precisava mais dele dentro de mim do que do ar que respirava. “Agora”, eu disse quase sem fôlego. “Agora.” 
 Com um movimento preciso dos quadris, ele investiu profundamente contra mim, 
fazendo-me afundar na cama. 
 “Ai, nossa”, soltei, convulsionando-me em êxtase em torno daquela massa carnal 
que havia tomado posse do meu corpo. Era assim que eu o queria desde nossa conversa no escritório, o que desejava quando explorei sua ereção impecável antes do jantar, o que eu precisava mesmo depois de gozar com ele dentro de mim. 
 “Não goze agora”, ele sussurrou na minha orelha, agarrando meus seios e torcendo 
de leve meus mamilos com os polegares e os indicadores. 
 “Quê?” Eu tinha quase certeza de que, se ele respirasse mais fundo, já seria 
suficiente para me fazer gozar. 
 “E não largue o travesseiro.” 
Joseph começou a se mover em um ritmo lento e preguiçoso. “Você vai gostar”, ele 
murmurou, acariciando com o rosto um ponto sensível atrás da minha orelha. “Você adora 
agarrar meu cabelo e cravar as unhas nas minhas costas. E, quando está prestes a gozar, 
gosta de apertar minha bunda e me puxar ainda mais pra dentro. Fico com muito tesão 
quando te vejo enlouquecer desse jeito, mostrando como gosta de me ter dentro de você.” 
 “Não é justo”, resmunguei, ciente de que aquilo era uma provocação deliberada. A 
cadência de sua voz rouca estava em perfeita sintonia com o movimento incansável de seus quadris. “Isso é tortura.” 
“Ninguém nunca perde por esperar.” Sua língua contornou a parte de fora da minha 
orelha, depois mergulhou lá para dentro ao mesmo tempo que ele beliscava meus mamilos. 
 Afundei na cama quando ele veio para dentro de mim de novo, e por pouco não 
gozei. Joseph conhecia bem demais meu corpo, seus segredos e suas zonas erógenas. Ele 
estava enfiando o pau em mim com maestria, estimulando sempre o mesmo pontinho, cujas terminações nervosas estremeciam de prazer. 
 Rebolando os quadris, Gideon começou a abrir espaço dentro de mim, explorando 
outras partes. Soltei um gemido doloroso, ardendo de desejo por ele, desesperadamente 
entregue. Meus dedos doíam, tamanha a força com que eu apertava o travesseiro. Minha 
cabeça se contorcia para deter a necessidade imperativa do orgasmo. Ele poderia me fazer gozar simplesmente se esfregando dentro de mim — era o único homem que eu conhecia capaz de me provocar um intenso orgasmo vaginal. 
 “Não goze”, ele repetiu, sussurrando. “Faça este momento durar.”
 “Eu n-não consigo. É bom demais. Minha nossa, Joseph...” As lágrimas escorriam 
do canto dos meus olhos. “Estou... atordoada por você.” 
 Chorei baixinho, com medo de usar a palavra que eu de fato gostaria de dizer — e 
que rimava com aquela, e começava com a mesma letra — cedo demais e perturbar o 
delicado equilíbrio que havia entre nós. 
 “Oh, Demetria.” Ele acariciou meu rosto com o dele. “Devo ter desejado você com tanta força e com tanta frequência que tudo acabou virando realidade.” 
 “Por favor”, eu implorei, falando baixinho. “Mais devagar.” 
 Joseph abaixou a cabeça e olhou para mim, escolhendo esse momento para beliscar 
meus mamilos com mais força, provocando uma pontadinha de dor. Os músculos delicados 
do meu ventre se contraíram de tal maneira que a próxima estocada certamente o faria 
gemer. 
 “Por favor”, pedi mais uma vez, tremendo por causa do esforço que fazia para adiar 
o clímax que se acumulava dentro de mim. “Se você não for mais devagar vou gozar.” 
 Seus olhos estavam grudados nos meus, e seus quadris moviam-se num ritmo 
constante que aos poucos ia destruindo minha sanidade mental. “Você não quer gozar,  Demetria?”, ele provocou com uma voz que me arrastaria até o inferno com um sorriso no rosto. 
“Não é por isso que você está esperando a noite toda?” 
 Joguei o pescoço para trás ao sentir seus lábios percorrendo minha garganta. “Só 
quando você deixar”, respondi, sem fôlego. “Só... quando você mandar.” 
 “Meu anjo.” Uma de suas mãos se levantou até meu rosto, removendo os fios de 
cabelos que a transpiração fez grudar na minha pele. Ele me beijou profundamente, com 
reverência, explorando minha boca com a língua. 
 Humm... 
 “Goze pra mim”, ele murmurou, acelerando o ritmo. “Goze, Demetria.” 
 Ao seu comando, o orgasmo me atingiu como uma explosão, deixando meu organismo em choque com uma overdose de sensações. Ondas e mais ondas de calor 
percorriam meu corpo, contraindo meu sexo e enrijecendo todo o meu ventre. Gritei bem alto, a princípio um som inarticulado de agonia e prazer, depois o nome dele, que eu repetia de novo e de novo à medida que ele enfiava seu pau maravilhoso em mim, prolongando meu clímax, que depois levaria a outro. 
 “Me pegue”, ele ordenou enquanto eu me desmanchava sob ele. “Me aperte.” 
 Liberada da ordem de segurar o travesseiro, agarrei-me ao seu corpo molhado de 
suor com os braços e as pernas. Ele começou a meter com força, bem fundo, perseguindo 
seu próprio clímax até a exaustão. 
 Joseph soltou um rugido ao gozar, jogando a cabeça para trás enquanto jorrava 
dentro de mim por um bom tempo. Eu o mantive dentro de mim até que nossos corpos 
esfriassem e nossa respiração voltasse ao normal. 
 Quando saiu de cima de mim, ele não foi muito longe. Aninhou-se junto às minhas 
costas e sussurrou: “Agora durma”. 
 Não me lembro nem de ter respondido antes de cair no sono. 

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