quarta-feira, 9 de julho de 2014

Capítulo 7-MARATONA [2/5]

“Essa coisa de terapia é uma novidade pra mim”, Joseph disse mais tarde, a caminho de casa no Bentley. “Então não sei bem como avaliar, mas foi mesmo o desastre que pareceu ser?”
“Poderia ter sido melhor”, respondi, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos. Eu estava exausta. Cansada demais até para pensar em fazer a aula de krav maga das oito. “Só quero tomar um banho e ir pra minha cama.”
“Tenho umas coisas pra resolver antes de encerrar meu dia.”
“Tudo bem.” Bocejei. “Por que você não faz o que precisa e a gente se fala amanhã?”
Minha sugestão foi seguida de um silêncio absoluto. Pouco depois, o clima ficou tão tenso que eu não tive escolha a não ser abrir os olhos, erguer a cabeça e me virar para ele.
Joseph estava me encarando, com os lábios contorcidos de frustração.
“Você está me dispensando.”
“Não, eu só...”
“Não o cacete! Você já me julgou e me condenou, agora está me dando um pé na bunda.”
“Estou morta de cansaço, Joseph! Tenho os meus limites. Preciso de uma noite de sono e...”
“Eu preciso de você”, ele interrompeu. “O que mais tenho que fazer pra você acreditar em mim?”
“Não acho que você tenha me traído. Tá bom? Por mais que a coisa pareça suspeita, não consigo acreditar que você faria isso. São os segredos que estão me incomodando. Estou me doando totalmente para as coisas darem certo, mas você...”
“Acha que não estou?” Ele se remexeu no assento, posicionando uma das pernas em cima do banco para ficar de frente para mim. “Nunca me esforcei tanto pra uma coisa dar certo na minha vida como agora.”
“Você não tem que fazer esse esforço por mim. Faça por você mesmo.”
“Não me venha com esse papo furado! Eu não precisaria me esforçar tanto pra me relacionar com outra pessoa qualquer.”
Soltando um gemido baixinho, recostei a cabeça no assento e fechei os olhos s de novo. “Estou cansada de brigar, Joseph. Só quero um pouco de paz por uma noite. Estou meio fora do ar o dia todo.”
“Você está doente?” Ele chegou mais perto, agarrando com delicadeza minha nuca e beijando minha testa. “Não parece estar com febre. É o estômago?
Respirei bem perto dele, absorvendo o cheiro delicioso de sua pele. A vontade de descansar meu rosto em seu pescoço era quase insuportável.
“Não.” Foi quando me dei conta. Soltei um gemido.
“O que foi?” Ele me puxou para seu colo, abraçando-me bem forte. “O que foi? Quer ir ao médico?”
“É TPM”, murmurei, sem querer que Angus ouvisse. “Vou menstruar a qualquer momento. Não sei como não percebi antes. Não é à toa que estou tão cansada e nervosa. São os hormônios.”
Ele ficou imóvel. Depois de alguns segundos, levantei a cabeça à procura de seu rosto.
Com um sorrisinho de malícia, ele admitiu: “Isso é novidade pra mim. Não é um problema que aparece muitas vezes numa vida marcada pelo sexo casual”.
“Sorte sua. Agora você vai ver o que é conviver com uma mulher.”
“Sorte minha mesmo.” Joseph tirou os fios de cabelos soltos sobre minha têmpora, deixando seus próprios cabelos caírem sobre o rosto. “Talvez, se eu tiver mais um pouco de sorte, amanhã você já vai estar melhor e vai voltar a gostar de mim.”
Ai, meu Deus. Senti um aperto no coração. “Ainda gosto de você, Joseph. Só não gosto dos seus segredos. Vão acabar com a gente.”
“Não deixe isso acontecer”, ele murmurou, acariciando o contorno das minhas sobrancelhas com a ponta do dedo. “Confie em mim.”
“Você vai ter que confiar em mim também.”
Ele me abraçou e me beijou bem de leve na boca. “Quer saber de uma coisa, meu anjo?”, ele sussurrou. “Não existe ninguém em quem eu confie mais.”
Enfiei os braços por baixo de seu paletó e o abracei, sentindo o calor de seu corpo esguio e rígido. A preocupação com o fato de que estávamos começando a nos afastar um do outro era inevitável.
Joseph aproveitou a ocasião para enfiar a língua na minha boca, provocando a minha com suas lambidas aveludadas. Sem a menor pressa. Eu queria um contato ainda mais íntimo, precisava de mais. Muito mais. Lamentava o fato de que, em termos emocionais, tinha muito pouco acesso a ele.
Ele gemeu dentro da minha boca, um som erótico de prazer que reverberou dentro de mim. Virando a cabeça, colou seus lábios lindamente esculpidos aos meus. O beijo foi se tornando mais profundo, as línguas foram se encontrando , nossa respiração foi se acelerando.
A mão sobre a minha nuca me puxou mais para perto dele. A outra se  enfiou por dentro da minha blusa, acariciando minha coluna com sua superfície morna. Seus dedos se flexionaram, mantendo um toque suave mesmo quando o beijo esquentou. Eu me arqueei em direção à sua carícia, sentindo a necessidade de seu toque contra a minha pele.
“Joseph...” Pela primeira vez, nossa proximidade física não era suficiente para aplacar o desejo desesperado que pulsava dentro de mim.
“Shh”, ele me acalmou. “Estou aqui. Não vou a lugar nenhum.”
Fechei os olhos e me aninhei no pescoço dele, perguntando a mim mesma se seríamos teimosos a ponto de insistir quando tudo parecia dizer que era melhor deixar para lá.
Acordei com um grito, abafado pela mão suada que cobria minha boca. Um peso esmagador me deixava sem fôlego enquanto outra mão se enfiava por debaixo da minha camisola, apalpando-me. O pânico tomou conta de mim e comecei a me debater, esperneando freneticamente.
Não... Por favor, não... Chega. De novo, não.
Arfando como um cão, Nathan escancarou minhas pernas à força. O Membro duro que ele tinha no meio das pernas abria caminho às cegas, esfregando-se nas minhas coxas. Resisti até sentir meus pulmões em chamas, mas ele era  forte demais. Não conseguia movê-lo dali. Não havia como escapar.
Para com isso! Sai de cima de mim! Me larga! Por favor, não faz isso comigo... não me machuca...
Mãe!
As mãos de Nathan me empurravam para baixo, esmagando minha cabeça contra o travesseiro. Quanto mais eu reagia, mais excitado ele ficava. Sussurrando palavras terríveis e asquerosas na minha orelha, ele encontrou uma fenda frágil e macia no meio das minhas pernas e me penetrou com um grunhido. Fiquei paralisada, imobilizada por uma dor terrível.
“Assim”, ele grunhiu... “Agora você vai gostar... sua putinha... você está gostando...”
Eu não conseguia respirar. Sentia meus pulmões funcionando aos espasmos, minhas narinas bloqueadas pela mão dele. Pontinhos coloridos dançando diante dos meus olhos. Meu peito queimava. Comecei a me debater de novo... precisava de ar...desesperadamente...
“Demetria! Acorda!
Meus olhos se abriram diante daquela ordem dada aos berros. Consegui libertar meus braços, depois meu corpo todo... Afastei-me... lutando para me desvencilhar dos lençóis enroscados nas minhas pernas... perdendo o equilíbrio...
O impacto contra o chão me acordou de vez, e um ruído terrível de dor e de medo escapou pela minha garganta.
“Droga, Demetria. Assim você vai se machucar!”
Respirei profundamente algumas vezes e fui engatinhando até o banheiro.
Joseph me levantou e me agarrou junto ao peito. “Demetria.”
“Vou vomitar”, eu disse engasgada, pondo a mão sobre a boca quando senti meu estômago embrulhar.
“Eu levo você”, Joseph disse sem hesitar, conduzindo-me com passadas
firmes e decididas. Ele me levou até o vaso e levantou o assento. Ajoelhado ao meu lado, segurou meus cabelos enquanto eu vomitava, acariciando minhas cóstas com sua mão quente.
“Calma, meu anjo”, ele murmurava sem parar. “Está tudo bem. Você está em segurança.”
Depois de esvaziar meu estômago, dei a descarga e apoiei o rosto suado sobre o antebraço, tentando me concentrar em qualquer coisa que ajudasse a dispersar as reminiscências daquele sonho.
“Gata...”
Virei a cabeça e vi Cary parado na porta do meu banheiro, com seu belo rosto franzido em uma careta. Ele estava com um jeans largo e uma camiseta, o que me fez notar que Joseph também estava totalmente vestido. Ele não usava mais o terno, nem a calça de moletom que vestiu assim que chegou. Estava de jeans e camiseta preta.
Desorientada, olhei no relógio e vi que mal havia passado da meia-noite.
“O que vocês estão fazendo?”
“Acabei de chegar”, respondeu Cary. “E encontrei Jonas entrando.”Olhei para Joseph, que tinha a mesma expressão preocupada do meu
amigo. “Você saiu?”
Joseph me ajudou a levantar. “Eu avisei que precisava resolver umas coisas.”
À meia-noite? “Que coisas?”
“Nada de mais.”
Escapei de seu abraço e fui até a pia escovar os dentes. Mais um segredo.
Quantos ele ainda teria?
Cary apareceu ao lado do meu reflexo no espelho. “Fazia tempo que você não tinha um pesadelo.”
Em seus olhos verdes preocupados, percebi como estava exausto.
Ele deu um apertão de leve no meu ombro. “Vamos relaxar no fim de semana. Recarregar as baterias. Estamos precisando. Você vai conseguir ficar bem?”
“Eu cuido dela.” Joseph levantou da borda da banheira, onde estava sentado tirando suas botas.
“Isso não significa que eu não possa ajudar.” Cary deu um beijo na minha testa. “Se precisar de alguma coisa é só gritar.”
O olhar que ele me lançou ao sair do quarto disse tudo — Cary não gostava
da ideia de Joseph dormindo ali comigo. Na verdade, eu também tinha minhas restrições a esse respeito. A preocupação constante com o distúrbio do sono dele estava contribuindo e muito para minha instabilidade emocional. Como Cary havia dito pouco tempo antes, o cara era uma bomba-relógio, e eu estava dividindo minha cama com ele.
Enxaguei a boca e pus a escova de dente de volta no suporte. “Preciso de um banho.”
Tinha tomado um antes de dormir, mas estava me sentindo suja de novo.
Um suor frio brotava da minha pele. Quando eu fechava os olhos, podia sentir o cheiro dele — de Nathan — em mim.
Joseph ligou o chuveiro e começou a tirar a roupa, distraindo-me em boa hora com a visão de seu corpo maravilhoso. Sua musculatura era firme e bem definida. Sua silhueta era esguia, mas ainda assim forte e elegante.
Deixei minhas roupas no chão e entrei debaixo do jato quente de água soltando um gemido. Ele entrou logo atrás, pôs meu cabelo de lado e beijou meu ombro. “Está melhor?”
 “Estou.” Porque você está aqui.
Joseph enlaçou minha cintura cautelosamente com os braços e soltou um
suspiro trêmulo. “Eu... Nossa, Demetria. Você estava sonhando com Nathan?”
Respirei fundo. “Talvez algum dia a gente seja capaz de conversar sobre nossos sonhos...”
Ele soltou o ar dos pulmões, apertando meus quadris com os dedos. “Não dá pra explicar, né?”
“É”, murmurei. “Não dá pra explicar.”
Ficamos no chuveiro um tempão, envoltos em vapor e segredos, fisicamente próximos, mas emocionalmente distantes. Eu detestava aquilo.A vontade de chorar era mais forte que eu e não tentei reprimi-la. Era bom desabafar. Toda a pressão daquele longo dia pareceu se dissipar com meus soluços.
“Meu anjo...” Joseph me abraçou pelas costas, seus braços bem presos à minha cintura, confortando-me com o escudo protetor de seu corpo volumoso.
“Não chore... Não aguento isso. Diga do que você precisa, meu anjo. O que eu posso fazer?”
“Tire a sujeira de mim”, sussurrei, inclinando-me na sua direção,
entregando-me à sua possessividade reconfortante. Meus dedos se enlaçaram com os dele na altura da minha barriga. “Eu quero ficar limpa.”
“Você já está limpa.”
Respirei bem fundo, sacudindo a cabeça em negação.
“Escute o que vou dizer, Demetria. Ninguém nunca mais vai encostar em você”, ele disse, convicto. “Ninguém nunca mais vai encostar em você. Nunca mais.”
Apertei os dedos dele entre os meus.
“Nem por cima do meu cadáver, Demetria. Isso não vai acontecer.”
A dor que eu sentia no peito me impedia de falar. A ideia de Joseph encarando meu pesadelo... vendo o homem que havia feito aquilo comigo... O nó no estômago que eu havia sentido o dia todo se apertou ainda mais. Joseph pegou o xampu e eu fechei os olhos, procurando não pensar em mais nada além do homem cuja única preocupação naquele momento era eu.
Esperei, sem fôlego, pelo toque de seus dedos mágicos. Quando os senti, tive que procurar o apoio da parede para não cair. Com ambas as mãos espalmadas contra os azulejos frios, saboreei a sensação de seus dedos massageando meu couro cabeludo e soltei um gemido.
“Está gostoso?”, ele perguntou num tom de voz baixo e meio rouco.
“Como sempre.”

Entreguei-me ao prazer de senti-lo lavar meus cabelos e depois passar condicionador neles, estremecendo de leve enquanto Joseph passava o pente nas pontas encharcadas. Fiquei decepcionada quando terminou, e devo ter soltado algum ruído de protesto, porque ele se inclinou para a frente e avisou: “Calma,só estou começando”.Senti o cheiro do sabonete líquido, e então...

3 comentários:

  1. Maaaaais!!! A que horas vc costuma postar?? So pra eu ter uma ideia de quando ei posso ficar louca esperando o capitulnovo

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    1. Eu não tenho horário certo para posta, mas por volta das 18:00 hrs mais ou menos eu posto. :)

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